28 de Agosto de 2014

Possivelmente a data mais importante da história do Rio Ave FC e o dia em que passei uma vergonha que me está fresca na memória até aos dias de hoje.

O Rio Ave FC defrontava, os suecos do Elfsborg, a contar para o play-off de acesso à fase de grupos da Liga Europa. O Rio Ave precisava de um golo para se apurar, pela primeira vez na história, para a fase de grupos de uma competição europeia.

Eu era o UEFA Delegate Liaison Officer, basicamente fazia a ligação entre o Delegado da UEFA e os clubes. Estava sentado ao lado do staff do Elfsborg e do delegado da UEFA, na tribuna, e como é óbvio não podia soltar qualquer tipo de reação ao que se estava a passar no relvado.

Lembro-me de estar estranhamente calmo nesse dia. Apesar da responsabilidade das minhas funções, estava muito calmo, o que não é muito normal em mim em dias de jogo. Sentia-se um ambiente fantástico no estádio. Já não via “os arcos” com tantos rioavistas e vilacondenses na bancada há muito tempo e desde cedo senti que aquele dia poderia ser especial. Mesmo com esse sentimento no ar, estava longe de imaginar o que estava prestes a acontecer e com o passar do tempo, admito, que começava a perder a esperança num apuramento inédito.

Até que chega o minuto 90+2. Minuto em que Cássio pontapeia a bola para a área adversário e Esmael Gonçalves “falha” um remate que acaba com a bola dentro da baliza do Elfsborg. Loucura total nas bancadas e eu, por momentos, vesti a camisola de adepto e começo aos saltos no meio dos suecos. Quando dou por mim, tenho o delegado da UEFA (alemão) incrédulo a olhar para mim e a bater-me com o braço na minha perna a tentar chamar-me para a realidade.

Quando finalmente volto à “realidade” tenho cerca de dez suecos com cara de poucos amigos a olhar para mim e um delegado, de certa forma, espantado com aquilo tudo.

“I’m so sorry, Sir”, disse. E vi naquele alemão um olhar reprovador, e sinceramente, não quis saber. Tinha passado uma vergonha, é certo, mas tinha o meu clube numa fase de grupos de uma competição europeia… e isso apagava qualquer tipo de remorso criado.