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Seiscentos e vinte e nove dias depois

No dia 5 de novembro voltei a pôr a mochila às costas para rumar sozinha a um estádio fora de Portugal. Na última vez – 13 de fevereiro de 2020 –o álcool gel já constava como item a atirar para dentro de uma mala, mas as máscaras ainda não nos cobriam o rosto. Ah! E o Reino Unido ainda não tinha completado o processo de divórcio com a Europa.

Não sei bem quanto cabe nesta imensa janela de tempo. Nunca fui muito boa a matemática, mas caramba, 600 dias é muita coisa. Aconteceu muita coisa. O mundo andou a uma velocidade estranha. E se na altura já preparava um podcast (que nunca pude concretizar), sentar-me ao lado do mister Toni para falar de futebol ou ter um programa de tv, eram coisas que não me atreveria a sonhar. Esqueci-me que o futebol tem destas coisas: podemos jogar no Campeonato de Portugal e entrar dignamente no Jamor para disputar a final da Taça! E seassim é, se o futebol com todas as suas condicionantes, não deixa de ser um lugar de possibilidades, não haveria lugar melhor para visitar neste regresso que o “Teatro dos Sonhos”.   

Desta vez foi diferente. Foi tudo embrulhado em tanta ansiedadee burocracia que só quando me vi fora do aeroporto, quase a tropeçar num saco de treino do F. C. Penafiel (de alguém que desconheço), é que percebi que era real: estava de volta aos estádios, estava pronta para voltar a colecionar histórias.

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Saí de mais uma viagem com muitos “obrigada!” a quem me deixou à porta do estádio, a quem não me deixou ir sozinha por zonas menos aconselhadas, a quem me disse que era melhor levar mais um casaquinho. Noentanto, há coisas que nunca mudam - não perguntei o nome a ninguém, embora saiba os jogadores preferidos de todos eles.

Há um episódio do Histórias da Bola para Adormecer (nº18) onde falo desta liberdade de partir à descoberta para ver a bola. Talvez embreve saia uma história sobre o dérbi de Manchester.    

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